domingo, 13 de fevereiro de 2011

Reportagem

“O que está na mídia é uma vergonha”

Bembem


Humberto Dantas ganhou o apelido de BemBem aos 10 anos de idade, quando fez seu primeiro teste de aptidão para a música. Ao avaliá-lo, o maestro Urbano Medeiros disse que o menino solfejava “bem…bem” enquanto cantava. Na ocasião, ele foi selecionado para banda de São José do Seridó, e os colegas, para provocá-lo, passaram a chamá-lo de BemBem, apelido que o acompanha até hoje e virou sinônimo de um regente dedicado ao ensino da música às crianças e jovens de Cruzeta.
BemBem entrou para a Banda de Cruzeta, ou Filarmônica 24 de Outubro, em 1988. Então com apenas 19 anos de idade, o maestro já adotava a postura de demonstrar através da música o “orgulho de ser sertanejo”.
Nesta entrevista, o regente fala da necessidade de “valorização dos nossos artistas” que não têm reconhecimento pela qualidade de seus trabalhos. BemBem defende a criação de um movimento que possa promover a divulgação e a defesa dos talentos locais.
Humberto “BemBem” Dantas, que fez da Banda Filarmônica de Cruzeta uma das mais reconhecidas do RN e do Nordeste, já tendo levado músicos até a Europa, acredita no poder da música e vê nela uma ferramenta importante para a formação “não só de músicos, mas de cidadãos”. A grande paixão pela música se revela em sua filosofia de ensino: “Te ensinarei uma nota e você descobrirá o mundo”.
Correio da Tarde: Desde que o senhor entrou na Banda de Cruzeta até hoje, quais foram as principais mudanças e desafios?
Bembem Dantas: A principal dificuldade era a banda ter uma consciência, uma constituição enquanto escola de música. Essa consciência é muito difícil de transpor, criar idéia de que nos éramos uma escola e podíamos assumir nosso próprio caminho, superando preconceitos e desafios como o de se tornar uma orquestra e permitir a entrada de mulheres na banda, que na época era vista como um ente militar permitido somente para homens. Tornar a banda uma escola de vida, de socialização, de música e cultura foi a principal mudança e conquista durante esses anos.
O que representa a banda para o senhor e para seus alunos?
Para mim, é minha vida. Foi onde eu, como alguém que acredita na juventude e no país, pude fazer um trabalho sério, que, sem a presença de politicagem, tem condições de prestar um grande serviço à comunidade. Pessoas que poderiam estar perdidas na vida, ganham a oportunidade de descobrir e mostrar seu talento e conquistar algo com isso.
Como você analisa essa questão de que muitas vezes artistas locais que não se destacam tanto aqui acabam adquirindo um reconhecimento melhor fora do Estado?
Eu acho que existe um desprezo, um grande descaso com o artista local. Nós temos um governo que não investe em cultura e que quando investe alguma coisa considera como um gasto. Não são aprovados projetos. O que se vê é muita desorganização e não existe nenhuma ação no sentido de melhorar essa situação. É de uma grande tristeza ver que artistas maravilhosos que temos em nosso Estado não tenham o lugar de destaque que merecem.
Que incentivos você acha que poderiam ser aplicados na área da cultura?
É preciso uma união das pessoas que se sentem prejudicadas por essa situação no sentido de desencadear um movimento que possa impulsionar as produções desses artistas, como a criação de um selo, de um estúdio de gravação, de uma editora e algo mais que possa nos ajudar a mostra nosso trabalho. É necessário bater de frente e apresentar novos projetos para fortalecer essa área cultural.
Como você avalia o atual cenário musical que se destaca na grande mídia?
O que está na mídia é uma vergonha. Não existe ninguém que não saiba o que é jabá, o que é pagar para tocar, se usar de influência econômica e política para se promover. Eu acho que esse é o ponto de exterminação da nossa cultura.
Quanto ao ensino da música nas instituições de ensino? Como enxergar essa questão?
Nós temos um projeto para a música e temos que incentivar a inclusão da música no currículo escolar. Quando observamos o ensino da arte nas escolas nos deparamos com muitos professores mal capacitados, sem uma formação acadêmica que os possibilite passar um conhecimento importante para o crescimento dos alunos. É preciso que o ensino da arte e da música na escola seja revisto, muitos alunos vem se formando nos cursos acadêmicos de licenciatura para formar professores para a área musical.
O que você acha da invasão cultural que vem acontecendo nos últimos tempos?
Isso é um crime cultural, um verdadeiro desastre para nossa cultura e para nós como povo. A globalização não é uma coisa que vem de hoje, essa imposição cultural veio crescendo a um ponto que já tomou conta de tudo. Você liga o rádio ou a televisão e o que você vê são coisas apenas com o único propósito de gerar dinheiro.
Essa convicção e orgulho de ser sertanejo pode ser explicado?
Meu grande orgulho é o de ser sertanejo. Eu acho que a maneira humana do sertão deveria ser um modelo. Uma sociedade onde você ainda vê o valor da palavra, o valor da dignidade, da fraternidade, da comunhão, da religiosidade, o respeito com o outro e a coragem característica do sertanejo. No sertão não há lugar para a covardia e para a traição, é um lugar em que a luta pela sobrevivência é algo comum do dia-a-dia.
Quais são seus projetos atuais?
Meu projeto imediato é o de montar uma escola de música na cidade de Vera Cruz e continuar meu trabalho na Banda de Cruzeta. Outro projeto é dar continuidade a um trabalho que foi criado para implantar bandas e centros de formação musical em regiões do RN e, claro, continuar com minha cruzada na defesa da nossa cultura e de nossos artistas.
Felipe Gibson Especial para o Correio da Tarde

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

RECITAIS DE ENCERRAMENTO DO PONTO DE CULTURA FILARMÔNICA DE CRUZETA -RN /2010

 
Encerramento das atividades da Escola de Música e Filarmônica de Cruzeta (Ponto de Cultura)
Nesse dia 30 de dezembro de 2010, a AMUSIC, promoveu o RECITAL DE ENCERRAMENTO DAS ATIVIDADES DA ESCOLA DE MÚSICA E FILARMÔNICA.
O evento contou com a presença de várias autoridades municipais, pais de alunos, músicos e convidados.
Há 10 anos  acontece essa programação, onde a AMUSIC,  presta contas das atividades práticas desenvolvidas ao longo do ano letivo da escola de música.  Neste ano se apresentaram além da Bandinha de flauta doce Professora  Margaret Keller e da Filarmônica, vários duetos, trios, quartetos e quintetos representando todos os naipes de instrumentos que formam a Filarmônica de Cruzeta:  ( flautas, clarinetas, saxofones, trompas, trompetes, trombones, tubas e percussão ). Apresentou-se também o   grupo de metais, banda de pífano e orquestras de clarinetas e  saxofones.
O destaque para a orquestra de saxofones se tornou marco do evento,  já que a mesma fora o resultado do I FESTIVAL DE SAXOFONE DE CRUZETA, que aconteceu nos dias 29 e 30 de dezembro, ministrado pelo professor, maestro, compositor, arranjador e saxofonista Português, Eugénio Graça, tendo como auxiliares o professor de saxofone Paulo Roberto da Silva
(Paulinho ) da EMUFRN e o maestro saxofonista Luis Dantas.
Com arranjos arrojados de peças tradicionais de vários estilos e épocas a orquestra de saxofones, que contou com músicos de várias cidades do RN, contagiou a todos, e certamente  será mais um grupo que receberá atenção especial no ano de 2011.
O professor Eugénio Graça, que é um dos mais renomados, capacitado e qualificado músico da atualidade depois de reger a orquestra, entregou certificados de participação aos alunos e entre feliz e emocionado, fez referencias bastantes elogiosas ao trabalho desenvolvido em Cruzeta,  que segundo ele tem repercussão bastante positiva nos meios musicais e culturais, os quais o mesmo frequenta, e  se colocou a disposição da AMUSIC, para colaborar com o trabalho desenvolvido em Cruzeta e região.
Nós que fazemos a AMUSIC,  aproveitamos para agradecer o gesto humano e fraterno do professor Eugénio Graça e desejar-lhe, muito sucesso. Também agradecemos a todos os que se fizeram presentes aquela noite de boa música e cultura, mais em especial aos nossos alunos, os músicos, instrutores e coordenadores de naipes, e o maestro Bembem Dantas, que se empenharam durante todo ano de 2010, para que nossa escola preste da melhor maneira possível esse serviço sociocultural, que tem trazido para nossa querida Cruzeta, muitas alegrias pelos resultados obtidos.
Magna Dantas
Coordenadora Institucional da AMUSIC.
2011. 25 anos da Filarmônica de Cruzeta

A AMUSIC/RN REALIZA CURSO BÁSICO DE TEORIA MUSICAL NOS DIAS 03, 04 E 05/01/2011

A AMUSIC/RN, promoveu nos dias 03/04 e 05 de janeiro de 2011,  o primeiro evento do ano. Trata-se do Curso Básico em Teoria  e Percepção Musical, que tem como objetivo  preparar alunos da escola de música e integrantes da Filarmônica de Cruzeta, para concorrerem no   curso técnico da EMUFRN, o qual abriu edital.
O curso foi ministrado pelo músico, compositor, maestro e  professor, Luis Antonio Dantas de França, com duração de 20 horas .Vinte alunos frequentaram as aulas, os quais receberam certificados de participação.
Nesse ano a AMUSIC, terá uma programação voltada para a comemoração dos 25 anos da Filarmônica de Cruzeta. Ja está concretizado um seminário de música com dez oficinas e a gravação de um CD, patrocinado pe BNB de cultura.
Estamos concorrendo em vários outros editais.  São várias ações, as quais serão sistematicamente divulgadas nesse BLOG. Brevemente!!!
Coordenação institucional da AMUSIC.
EMAIL: amusic.cruzeta@hotmail.com









A AMUSIC REALIZA O I FESTIVAL DE SAXOFONES DE CRUZETA – RN

I FESTIVAL DE SAXOFONES DE CRUZETA -RN (Rio Grande do Norte-Brasil)
29 e 30 de Dezembro de 2010
REALIZAÇÃO: Associação Musical e Cultural do RN/AMUSIC
LOCAL: Sede da AMUSIC /Cruzeta-RN


O  I  FESTIVAL DE SAXOFONES DE CRUZETA, tem como objetivo a abertura de horizontes na execução técnica, interpretativa e de performance de saxofonistas, independentemente do seu nível técnico e grau de estudos.
Serão abordados os Seguintes temas:
*Música moderna, suas técnicas, formas de leitura e de interpretação”. “
* O Jazz no clássico e o clássico no Jazz… o clássico e jazz na música popular…” como estas duas linguagens se complementam, e as vantagens que daí advém para o crescimento do músico a todos os níveis.
*No FESTIVAL será trabalhadas, obras fornecidas pelo professor, Eugénio Graça, assim como obras á escolha do aluno.
Prática
* Aulas individuais, duos, trios, quartetos, etc., e   orquestra de saxofones.
* a Orquestra de saxofones do FESTIVAL, se apresentará em concerto no ultimo dia do FESTIVAL, durante a programação de encerramento das atividades da escola de musica e Filarmônica de Cruzeta no ano de 2010.

Professores:

Eugénio Graça (Natural de Aveiros – Portugal) graduado em Portugal-Aveiro, especialização em Latin Jazz em Cuba-Havana, mestrado (clássico e contemporâneo) de solista na Holanda-Amsterdã) ,
Prof. Luís Dantas (Natural de Cruzeta RN,   graduado em saxofone  pela UFRN)
Prof. Paulo Roberto ( Natural de Cruzeta, graduado em saxofone pela UFRN/professor de saxofone da EMUFRN

Programa :
Dia 29/12:
08.00h – Apresentação e pequena palestra.
10.00h / 12.00h – Aulas individuais
14.00h / 15.30h – Aulas de grupo
16.00h / 18.30h – Orquestra de Saxofones
Dia 30/12
08.00h / 12.00h – Aulas individuais
14.00h / 16.00h – Aulas de grupo
16.30h / 19.30h – Orquestra de Saxofones
21.00h : Concerto de encerramento do FESTIVAL, entrega de certificados.









MASTER CLASS DE EDUCAÇÃO MUSICAL – MÉTODO HULLABALO

A AMUSIC/RN,  realizou nesse dia 13 de janeiro 2011, um Master Class de Educação Musical, com a professora, flautista, pesquisadora Kadna Cordeiro, criadora do método HULLABALOO.  Esse método é uma proposta de educação musical, que tem como parâmetro a pedagogia do som, que utiliza a música como meio de  aprendizagem, conhecimento e respeito as várias culturas, além de despertar vocações. Tem na improvisação, criatividade e experimentos a sua sustentação, onde  promove a educação musical através da composição de peças musicais e confecção de instrumentos, a partir de materiais reaproveitados.O método HULLABALOO, foi desenvolvido pela professora Kadna, quando a mesma lecionava  aulas programadas de flauta para seus alunos em Londres Inglaterra, cidade onde morou, estudou e trabalhou durante 20 anos.
A professora Kadna Cordeiro é potiguar de Natal. Flautista formada pela UFPB e mestre em educação pela Midllesex Universit, Londres. Estudou Guildhall School of Music Drama também em Londres, onde também fundou e regeu a orquestra de flautas TOOT Brasil.
Aos 19 anos já era professora concursada da Universidade Federal de Santa Maria-RS, no curso de flauta. De volta ao Brasil em 2002, tem se dedicado ao projeto HULLABALOO de educação musical, com trabalhos em escolas, universidades, empresas e entidades socioculturais sem fins econômicos.
Além de já ter tocado com a Filarmônica de Cruzeta em algumas ocasiões a  Kadna, já ministrou em 2006, uma oficina com a participação de 80 alunos da escola de música, quando teve a oportunidade de nos apresentar toda grandeza e eficácia do seu HALLABALOO ( nome que significa algazarra em português ) na nossa instituição, da qual se diz  parceira, divulgadora e apreciadora do trabalho desenvolvido pela AMUSIC em Cruzeta e região.
A presença de Kadna em Cruzeta foi acompanhada pelo técnico em elaboração de projetos e ex- diretor da AMUSIC Giuzélio Lobato de Melo, o qual veio com o propósito de desenvolver um projeto de capacitação em educação musical para professores de música que será enviado para o Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID, com o propósito de formar professores para atuar em escolas da região do seridó, visando capacitar e gerar mão de obra, na perspectiva da abertura de mercado, que resultará da  aplicação da lei federal, que restabelece o ensino musical no currículo escolar das escolas brasileiras, extinto desde os anos 60.
O máster Class, contou com a presença de cerca de 50 participantes, todos integrantes da Filarmônica de Cruzeta e foi mais uma das programações da comemoração dos 25 anos da nossa filarmônica.
Kadna retornou hoje para Natal de onde desenvolverá alguns trabalhos e retornará para a cidade do Recife onde mora atualmente e leciona em importantes escolas daquela capital e retornará em breve a Cruzeta para uma oficina de confecção de instrumentos.
Agradecemos aqui a nossa querida amiga e  parceira, pelo gesto de boa vontade em colaborar com o nosso trabalho, estendendo da mesma forma essa gratidão a Giuzélio Lobato, também parceiro e amigo de todas as horas.
Magna Dantas- Coordenadora institucional da AMUSIC

domingo, 6 de fevereiro de 2011


CONCERTO ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO

No mês de Março a Filarmônica Elino Julião fará um ano de axistência, foi um ano de dedicação e muito esfosso,depois das apresentações realizadas no município, que destacamos : o Primeiro Concerto Oficial, as apresentações realizadas na festa do padroeiro e o Concerto de recepção para os Rodonistas. Os alunos da Filarmônica juntamente com a ACUST (Associação Cultural e social de Timbauba dos Batistas) que tem como presidente a professora Maria Aparecida do Nascimento, realizará o Concerto Especial de Aniversário.
Em breve postaremos dia local e hora.

email pra contato; mizaelcabral@gmail.com

blogs recomendados ;

http://marciocabralchorinhobrasil.blogspot.com/
http://filarmonicadecruzeta.wordpress.com/
http://rondontimbauba.blogspot.com/
http://www2.secult.ce.gov.br/Recursos/Internet/Pro_Bandas/partituras_form_01.asp

O Dobrado


Breve Estudo de um Gênero Musical Brasileiro
Artigo de José Roberto Franco da Rocha


Introdução
Tanta gente já me fez perguntas sobre o dobrado que, depois
de algum tempo, cheguei à conclusão de que, apesar de tão popular, o dobrado é um
gênero musical bastante desconhecido. Notei que os próprios músicos, ao
manifestarem sua curiosidade, revelavam ignorar as origens do dobrado e até mesmo
a razão da sua denominação. Ficava claro, também, que haviam dedicado
pouquíssima atenção ao estudo das principais características rítmicas, formais e
harmônicas deste gênero musical genuinamente brasileiro.
Ao buscarmos explicações para tanto desconhecimento,
constatamos que a principal razão reside na enorme lacuna existente na nossa
literatura, pois são quase inexistentes as teses, as monografias, os artigos ou
quaisquer outros trabalhos acadêmicos que tenham como objeto de estudo as nossas
bandas de música e, por conseqüência, um dos seus gêneros mais característicos que
é, sem sombra de dúvida, o dobrado.
Naturalmente, este artigo não tem a pretensão de suprir
tamanha deficiência verificada nas fontes escritas. Apresenta, apenas, alguns
aspectos mais relevantes, tomados como essenciais para um melhor conhecimento do
dobrado e, dessa maneira, satisfazer esta curiosidade generalizada.
Ao final, no entanto, serão feitas algumas considerações sobre
os dobrados sinfônicos e sobre uma coleção de dobrados, selecionados pelas
peculiaridades que apresentam, as quais me levaram a denominá-los de
“dobradinhos”. Aliás, nosso propósito inicial era o de fazer apenas um estudo sobre
esses dobradinhos, mas verificamos ser necessário um trabalho mais amplo, contendo
informações gerais sobre as origens do dobrado, as suas principais características e
outras informações complementares..
Uma bibliografia, apesar de reduzida e nem sempre de fácil
acesso, é citada com a finalidade de levar os interessados a se aprofundarem no
estudo das nossas bandas de música e do gênero bandístico, por excelência, que é o
dobrado.
As marchas militares
Sabemos que, desde tempos imemoriais, pela própria natureza
das suas missões, as tropas militares marcharam a pé ou a cavalo. Hoje, se
utilizamdos mais modernos meios de transporte e locomoção, mas, historicamente,
nos deslocamento pedestres ou hipomóveis, a cadência da marcha sempre variou em
função da situação tática. Sabemos, também, que é da mais antiga tradição militar
que a cadência dessas marchas fosse marcada por bombos e tambores,
acompanhados de pífanos, flautins, trombetas e de outros instrumentos musicais. Por
evidente analogia, a marcha, ou seja, o deslocar-se a pé ou montado, com o passar
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do tempo, passou a ser sinônimo da música produzida pelo grupo que marcava a
cadência, durante esses deslocamentos. Disso resultou que, hoje, marcha é a música
e marcha é o deslocamento, de tal sorte que fica mais clara a frase: “A tropa marcha
ao som da marcha”.
As diversas situações táticas exigem, basicamente, três
cadências para os deslocamentos da infantaria: o passo de estrada, que é uma
marcha lenta e pesada, usual nos longos percursos; o passo de parada ou passo
ordinário, que é uma marcha bem mais rápida, com andamento próximo ao dobro do
anterior, utilizada em desfiles, continências e paradas militares; e o passo acelerado,
marcha de ataque para a tomada de pontos do terreno ou na carga sobre as linhas
inimigas.
Nas tropas de cavalaria, essas cadências correspondiam,
aproximadamente, às andaduras ao passo, ao trote e ao galope, enquanto que, para
as bandas de música, as cadências desses passos foram se uniformizando bem perto
dos seguintes velocidades do metrônomo: 1) o passo de estrada: uma marcha lenta,
com marcação entre 68 e 76 tempos por minuto; 2) o passo dobrado: uma marcha
rápida, com o metrônomo marcando de 112 a 124 tempos por minuto; e 3) o passo
acelerado ou galope, com marcações em torno de 160 tempos por minuto.
Não tardou, porém, para que “passo dobrado”, que designava
o andamento das marchas rápidas, passasse a designar, também, a própria marcha
ordinária das paradas, continências e desfiles. O Dicionário Aurélio registra, no
verbete passo, o significado para passo ordinário: “andadura cadenciada, usada em
deslocamento militar, na qual se mantém velocidade que corresponda ao passo
normal do pedestre”. Para dobrado encontramos: “música de marcha militar”.
Passo dobrado corresponde, literal e musicalmente, ao passo
doppio dos italianos, ao paso doble dos espanhóis, ao pas-redoublé dos franceses ou
simplesmente à march de ingleses e alemães.
A cadência, a divisão rítmica e outras características das
marchas militares, principalmente, as da marcha rápida, foram, no entanto,
recebendo forte influência do caráter nacional, fazendo com que se cristalizassem
muitas diferenças entre elas, segundo a suas nacionalidades.
Os ingleses, por exemplo, possuem uma marcha rápida, a
quickmarch, em compasso 6/8 e andamento bem semelhante ao das marchas latinas,
porém sua marcha mais tradicional, pesada e arrastada, tem andamento de 108
passos por minuto. A marcha nacional britânica tem, portanto, características
distintas das marchas latinas, bem mais rápidas. Distintas, mais ainda, das lépidas
marchas americanas, que, a partir da grande popularidade obtida por John Philip
Sousa (1856-1932), se fixaram no andamento de 120 passos por minuto.
Grande parte dessa diversidade deve ser atribuída à
distribuição dos valores rítmicos imposta pelo compositor à partitura e, também, aos
valores rítmicos existentes dentro dos seus compassos. No entanto, avulta sempre a
importância de um sentido rítmico inconsciente, condicionado pelo caráter nacional
ou por reflexos emocionais dos fatos, épocas e circunstâncias vividos pela
comunidade nacional. Não se pode, também, negligenciar a influência de
compositores e regentes que, em determinado momento, captaram esse sentido
rítmico subjetivo e conseguiram traduzi-lo para modelos duradouros das marchas
nacionais. Nessa matéria, merecem destaque Giacomo Meyerbeer (1791-1864), na
Alemanha; Giovanni Battista Lully (1632-1687) e François Joseph Gossec (1734-
1829), na França; e bem assim o já citado Philip Sousa, nos Estados Unidos da
América do Norte.
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No Brasil não foi diferente, mas, embora tenhamos
extraordinários compositores do gênero, não podemos apontar nenhum que, em
particular, tenha sido responsável direto pela criação de um modelo nacional de
marcha rápida. Podemos, no entanto, verificar que, sendo executada em toda a
vastidão do território nacional, a marcha, ou seja, o “passo dobrado” europeu, no
transcorrer do século , ficou completamente exposto às influências dos vários outros
gêneros musicais, que, por sua vez, já haviam sido inoculados pelas diversidades
musical, étnica e cultural das crescentes populações urbanas. Resultou, daí, a
gradativa consolidação de uma marcha brasileira, que, sob a denominação genérica
de dobrado, foi adquirindo e sedimentando características muito peculiares. E, na
medida em que foi se distanciando dos modelos herdados do passo dobrado e das
marchas européias, o dobrado foi se consolidando como a marcha nacional
brasileira por excelência, de tal sorte que, a partir do último quartel dos anos 1800, o
nosso dobrado já possuía características melódicas, harmônicas, formais e
contrapontísticas que o distinguiam de outros gêneros musicais, permitindo assim a
sua inclusão no rol dos gêneros musicais genuinamente brasileiros.
Caracterização do dobrado
Vimos que o gênero dobrado teve sua origem no passo dobrado
das marchas militares européias. O dobrado, portanto, herdou e abrasileirou a
maioria das características musicais daquelas marchas, principalmente, no que se
refere ao ritmo, aos compassos, ao andamento, à estrutura formal, às tonalidades, à
harmonia e ao contraponto.
As pesquisas para identificação dos dobrados brasileiros mais
antigos são ainda incipientes, mas pode-se afirmar, com segurança, que o gênero já
se encontrava bem definido, com as suas atuais características, na segunda metade
dos oitocentos. Tanto é que Mercedes de Souza Reis, em “Música Militar no Brasil no
Século XIX”, Imprensa Militar, Rio de Janeiro, 1952, nos informa sobre o “Dobrado
n.º 17”, de José da Anunciação Pereira Leite, datado de Aracaju - SE, 6 de janeiro de
1877, cujas partes pertencem ao acervo do Corpo Musical da Polícia Militar do Rio
de Janeiro.
Há, pois, que se dar prosseguimento às pesquisas nos arquivos
musicais das bandas e igrejas, nos acervos particulares e nas bibliotecas espalhados
pelo território nacional, não somente sobre o dobrado, mas conduzindo um grande e
determinado esforço para se proceder ao resgate, à preservação e à difusão deste
rico patrimônio cultural, que constitui a memória musical das bandas brasileiras.
1. Ritmo e compasso
O ritmo do dobrado é binário, com forte acentuação do tempo
forte do compasso, que usualmente é o compasso simples 2/4. O compasso composto
6/8 é menos utilizado, mas, com relativa freqüência, aparece disfarçado na notação
musical, pela utilização de tresquiálteras ou tercinas. Já o compasso 2/2 ou ¢ é muito
raro nas partituras nacionais, embora tenha preferência sobre o 2/4, na escrita
musical dos compositores norte-americanos e europeus. A falta de familiaridade com
o compasso 2/2 ou ¢ tem provocado a adoção de um procedimento, no mínimo,
curioso. Alguns maestros e copistas transcrevem as marchas estrangeiras para o
compasso 2/4, com o objetivo de facilitar a leitura musical dos músicos de suas
bandas, desabituados que estão com a leitura no compasso 2/2 ou ¢.
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2. Cadência
O andamento do dobrado é mais lento do que o da marcha
americana e mais rápido do que a marcha tradicional britânica. Sua cadência foi se
estabilizando por volta dos 112 passos por minuto, talvez pelo costume muito
difundido da banda fazer um pequeno desfile, tocando dobrados pelas cercanias da
praça, chamando o público para o coreto, onde logo mais realizaria sua
apresentação. Este costume, de origem muito antiga, encontramos, também, nos
grupos folclóricos, cuja marcha-de-estrada corresponde a uma marcação rítmica
ininterrupta feita pela zabumba, desde que sai da sede, durante todo o percurso, até o
local de uma festa. A cadência da banda, então, diminui para se tornar mais
adequada ao deslocamento dos músicos, até certo ponto penoso, principalmente no
verão, por causa do próprio esforço da execução instrumental, agravado pelo
desconforto dos uniformes de gala, semelhantes aos das bandas militares, pelo peso
dos instrumentos e, até mesmo, pela idade, às vezes avançada, de alguns integrantes
do grupo musical.
Régis Duprat, no encarte datado de 1978 e publicado com o
disco “Dobrados”, volume n.º 4 da coletânea “Três Séculos de Música Brasileira”,
dirigida por Marcus Pereira, sugere, também, a seguinte explicação: (No percurso da
banda)...“o ritmo, então, torna-se mais cômodo, mais lânguido; fixa-se o seu
andamento por volta de 110 passos por minuto. Poderíamos explicá-lo por seus
conluios com a languidez do lundu, do tanguinho, do maxixe, e pela tropicalização
generalizada que os gêneros ganharam nestes Brasis?” Fica, pois, a explicação
levantada pelo grande maestro e pesquisador.
3. Estrutura formal
Formalmente, o dobrado varia muito pouco, mantendo-se
dentro de uma estrutura ternária em que identificamos uma primeira parte (A), uma
segunda (B) e um trio (C). A primeira parte tem sempre uma pequena introdução, de
quatro a dezesseis compassos, sendo raramente maior que isso. O trio também pode
ser antecedido de uma pequena introdução ou, na verdade, um intermezzo, Após o
trio (C), tem lugar uma reexposição das duas primeira partes (A-B). O esquema é o
seguinte:
> A-B-C e reexposição A-B.
Embora dispensada em gravações, talvez para economia de
espaço nos discos, a reexposição é aspecto imprescindível da estrutura do gênero
musical, de sorte que uma outra maneira de identificarmos a estrutura do dobrado
leva-nos a considerar a seguinte fórmula, também ternária: a exposição (A-B), o trio
(C) e a reexposição (A-B), determinada na partitura pelo Da Capo (D.C.) ou Da
Capo al Fine.
Cabe aqui ressaltar que, diferentemente das marchas, nos
dobrados, é característica fundamental da exposição que a sua última parte seja um
solo dos instrumentos mais graves (baixos, trombones e bombardinos). Este solo,
vibrante. grave e fortíssimo, é chamado de solo do baixo ou forte do baixo. É
acompanhado por todos os instrumentos de percussão, com forte marcação dos
bombos e dos pratos, e pela harmonia executada pela trompas, trompetes, flautas e
clarinetes, que, às vezes, executam harpejos, trinados e outras inventivas e curiosos
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ornamentos musicais. Vale notar que a execução do dobrado termina, quase
invariavelmente, após a reexposição do forte do baixo.
O trio tem andamento ligeiramente mais lento do que as
demais partes do dobrado. Caracteriza-se, também, pela suavidade e doçura de sua
linha melódica, executada com dinâmica próxima do pianíssimo. Tem arranjos e
instrumentação peculiares, onde não faltam graves solos dos clarinetes, chorosos
duetos e outros elementos influenciados por sentimentos difusos, fazendo-nos lembrar
certa melancolia, encontradiça também nas valsas e em outros gêneros nacionais ou
nacionalizados.
A seguir é feito um resumo, que sabemos árido, mas que
pretendemos exaustivo, sobre a estrutura formal do gênero dobrado, cuja fórmula
mais simples, esquematicamente, representa a sua estrutura ternária. Todas as
demais, como veremos, serão variantes desta, que tem primeira parte (A), segunda
(B), trio (C) e reexposição ou Da Capo (A-B):
> A-B-C-A-B.
É muito grande o número de dobrados cujos temas levam ao
desdobramento da exposição em três partes (A-B-C), ao invés de somente as duas
básicas (A-B). Haverá, neste caso, a reexposição da primeira (A), representada por
(A-B-A), cuja indicação, na partitura, é feita por um retorno “dal Segno ou S” e um
salto “al Coda ou símbolo O”. Seguem-se então, a terceira parte, que é o solo do
baixo (C), e o trio (D), para, então, indicada pelo Da Capo, ser feita a reexposição.
Esta reexposição, às vezes, é abreviada na sua execução, pois, embora não haja
indicação nas partituras, os maestros dispensam a segunda parte (B), ou seja,
determinam a execução direta do salto al Coda, também chamado “pulo do Ó”, indose
da primeira parte (A) para o solo do baixo (C ) e. assim, finalizar-se o dobrado.
Estas duas alternativas podem ser assim esquematizadas:
> A-B-A-C-D e reexposição A-B-A-C ou
> A-B-A-C-D e reexposição A-C.
Embora mais raros, existem ainda dobrados cujos trios são
desdobrados em duas partes. Se a exposição tiver duas partes (A-B), a elas seguirão
as do trio (C-D), antes da reexposição. No entanto, se a sua exposição for
desdobrada em três partes (A-B-C), após o solo do baixo, serão executadas as duas
partes do trio (D-E) e depois a reexposição geral que, como vimos, pode ser
abreviada pela exclusão da segunda parte (B).
Os respectivos esquemas serão, portanto:
> A-B-C-D-A-B,
> A-B-A-C-D-E-A-B-A-C ou
> A-B-A-C-D-E-A-C.
Existem, por fim, alguns dobrados com trios desdobrados em
duas partes, mas cujas partituras determinam a reexposição da primeira parte do
trio, antes do Da Capo, ou seja, antes da reexposição das primeiras partes. Nestes, se
a exposição for constituída apenas da primeira parte (A) e do solo do baixo (B), a
este se seguirão as duas parte do trio (C-D), com a reexposição de C, antes do Da
Capo, que dizer, antes da reexposição de A e B. conforme o esquema:
> A-B-C-D-C-A-B
A exposição, no entanto, poderá ser desdobrada em três partes
(A-B-C), com reexposição da primeira (A), antes da execução do forte do baixo (C).
Nestes dobrados, o trio (D-E) será executado com a reexposição da parte D, antes da
reexposição geral (A-B-A-C) ou da reexposição abreviada (A-C), determinada pelos
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maestros, como já vimos. Os esquemas abaixo devem facilitar a visualização desta
complexa estrutura formal.
> A-B-A-C-D-E-D-A-B-A-C, se no Da Capo for feita a
reexposição completa das primeiras partes, até o forte do baixo; ou
> A-B-A-C-D-E-D-A-C, se no Da Capo for abreviada a
reexposição, determinando-se a exclusão da segunda parte (B).
Estas são, pois, as estruturas formais apresentadas pelo gênero
dobrado. É verdade que podemos encontrar dobrados que não as obedecem
rigidamente, destacando-se, neste caso, os chamados dobrados sinfônicos, nos quais
os diversos temas são desenvolvidos sucessivamente, sem que haja, necessariamente,
reexposições. Sua estrutura é livre e, portanto, não se enquadrada nas fórmulas
acima apresentadas.
4. Tonalidade
Para facilidade de exposição, tomemos como base a tonalidade
dos trios, os quais, tanto nos dobrados como nas marchas, serão sempre escritos em
tons maiores.
Primeiramente, embora não sejam os mais comuns, temos que
registrar a existência de dobrados cujas partes —todas elas, inclusive o trio— são
escritas em uma mesma tonalidade maior. Por exemplo, às partes da exposição em
Sol Maior (G) segue-se o trio, também, em Sol Maior (G).
O usual, no entanto, nos dobrados e nas marchas, é que:
1) se a exposição estiver em um determinado tom maior, no
trio, altera-se a armadura da clave para que seja escrito no tom da subdominante, ou
seja, do quarto grau da escala desse tom maior, que será, portanto, uma tonalidade
maior. Por exemplo, quando as primeiras partes de um dobrado estiverem em Dó
Maior (C), o trio será escrito em Fá Maior (F);
2) se a exposição estiver em uma determinada tonalidade
menor, será mantida a armadura da clave, mas o trio será escrito no tom do seu
relativo maior. Por exemplo, se as primeiras partes estiverem escritas em Sol menor
(Gm), o trio deverá estar em Si Bemol maior (Bb), ambos, portanto, com dois bemóis
na armadura da clave.
Estas regras, que vinculam a tonalidade do trio às tonalidades
das respectivas exposições, só muito raramente são quebradas. Sua desobediência
provocará efeitos geralmente desagradáveis, a não ser que um intermezzo, ou seja,
uma introdução escrita para o trio prepare a modulação para uma nova tonalidade.
Isto posto, podemos afirmar, com segurança, que essas regras são fundamentais do
gênero dobrado.
Aceita-se, no entanto, alguma flexibilidade na tonalidade dos
temas da exposição, principalmente, quando eles são desenvolvidos em mais de duas
partes. Variantes relativamente comuns são:
a) a primeira parte (A) em tom menor, a segunda (B), no seu
relativo maior, vindo a terceira (C), executada depois da reexposição de A, no mesmo
tom menor inicial; o trio, como já sabemos, será no tom reativo maior de A e C;
b) a primeira parte (A) em tom maior, a segunda (B) no seu
relativa menor, vindo a terceira (C), que é executada depois da reexposição de A, no
seu mesmo tom maior inicial; o trio, como sabemos, terá o tom da subdominante ou
quarto grau da escala maior de A e de C;
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c) a primeira parte (A) em tom maior, a segunda (B) no tom da
dominante ou quinto grau da escala maior de A, vindo a terceira (C), executada
depois da reexposição de A, no seu mesmo tom maior inicial e o trio, como já
sabemos, no tom da subdominante ou quarto grau da escala maior da primeira parte
(A) e do forte do baixo (C).
5. Arranjo e instrumentação
Este artigo não comporta um estudo pormenorizado dos
arranjos e da instrumentação, no entanto, algumas considerações devem ser
relevantes para os que pretendem estudar esses assuntos mais profundamente.
Preliminarmente, haveria que se fazer uma pesquisa sobre a
história e evolução dos instrumentos musicais e sobre a maneira como eles passaram
a ser usados pelos compositores, arranjadores e mestres de banda.
Em segundo lugar, há que se lembrar que os dobrados são
obras polifônicas, nas quais são utilizadas até quatro vozes dos vários instrumentos
musicais das bandas. Seus arranjos e, por conseguinte, a sua instrumentação se
integram, totalmente, à idéia original do compositor. Tal simbiose acarreta pelo
menos duas conseqüências mais diretas:
a) de um lado, resulta a dificuldade extrema ou, até mesmo, a
impossibilidade de suas partituras serem reduzidas a piano, encarecendo, portanto, a
sua divulgação pela necessidade de impressão ou cópia das partes cavadas de todos
os instrumentos musicais de uma banda padrão;
b ) de outro, a dificuldade para restauração de partituras
deterioradas ou incompletas, bem como para a elaboração de novos arranjos e nova
instrumentação, sem que se deturpe o sentido básico da composição, segundo a
concepção original que lhe deu o compositor.
É necessário, ainda, considerar que os dobrados, na sua
grande maioria, são composições feitas pelos mestres de bandas, para serem
executados pelos seus próprios músicos. São, composições, que tenho denominado
“composições locais”, porque são destinadas a um grupo musical específico e a um
público de determinado ponto deste nosso imenso território. Assim sendo, além da
própria melodia, os arranjos e a instrumentação vão sofrer a influência direta do
gosto musical vigente numa certa época daquela comunidade. É muito provável que
tais influências é que nos levam a encontrar dobrados com arranjos e instrumentação
semelhantes aos das polcas ou das marchas alemãs ou, ainda, que os fazem se
aproximar do frevo, das cirandas, das polcas e habaneras ou de tantos outros
gêneros populares.
Numa quarta consideração, é bom ter-se em mente que os
arranjos são influenciados, também, pela existência ou ausência, na banda, de
determinados instrumentos musicais. Assim podemos notar que são raros os arranjos
que exploram os naipes de saxofones, usuais nos arranjos para orquestras de danças,
as chamadas “big bands”. Os naipes de saxofones acabaram por não fazer parte do
estilo das nossas bandas. Usualmente, são desmembrados pelos arranjadores que
escrevem para o saxofone soprano, copiando os clarinetes, enquanto colam o
saxofone alto nos trompetes ou nos trombones; para o saxofone tenor a parte é
idêntica à do bombardino e para o saxofone barítono, raríssimo nas bandas, utilizam
a parte da tuba Mi Bemol.
Outro exemplo, este deplorável, é o que está ocorrendo em
algumas bandas paulistas, nas quais deixaram de existir clarinetes, instrumentos
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cujos timbres caracterizam a sonoridade, a linguagem musical e o estilo das bandas.
Na ânsia de conseguir algum dinheiro nos Carnavais, os jovens optaram pelos
trompetes e trombones. Na ausência, também, de bons mestres, os clarinetes foram
sendo, sistematicamente, abandonados. O golpe final lhes foi desfechado pela
absurda regulamentação dos concursos das chamadas “bandas marciais”, que
proíbe os instrumentos de palheta. Assim é que, nessas bandas, não são mais
possíveis concertos com arranjos especialmente escritos para bandas de música. A
ausência insubstituível dos clarinetes provoca uma perda de qualidade musical
insuperável, tornando qualquer tentativa um ridículo arremedo das verdadeiras
intenções do compositor ou do arranjador, que as traduziram em suas partituras.
Finalmente, estamos certos de que não é nada desprezível a
influência que o nível técnico dos músicos exerce sobre os arranjos, Este fator é tão
importante que chega a condicionar a instrumentação planejada, pois, na ânsia de
apresentar suas obras nos concertos da banda, muitas vezes o maestro sacrifica o
arranjo e, conseqüentemente, a instrumentação, com o objetivo de tornar a partitura
acessível e executável pelo conjunto de instrumentistas de que dispõe. Além do
grande trabalho exigido para a adaptação de um arranjo ao nível dos
instrumentistas, há sempre uma perceptível perda de qualidade, motivos que levam os
maestros a excluírem do repertório, um grande número de peças musicais,
frustrando os músicos mais adiantados e, não poucas vezes, decepcionando o seu
público.
A despeito dessas considerações, veremos que, via de regra, a
partitura de um dobrado é complexa, comportando, no mínimo, os arranjos para os
seguintes instrumentos da banda de música:
a) para a seção das madeiras:
- flauta (raro) e flautim (mais raro ainda);
- requinta e clarinetes (1.º, 2.º e 3.º);
- Saxofone alto e saxofone tenor;
b) para a seção dos metais:
- trompetes (1.º, 2.º e 3.º);
- trompas, gênis ou sax horns (1.º, 2.º e 3.º);
- trombones de canto (1.º, raramente o 2.º);
- trombones de harmonia (1.º, 2.º e 3.º);
- bombardinos (1.º, raramente o 2.º);
- baixo-tuba (afinação em Mi bemol e Si bemol);
c) para a seção de percussão;
- bombo e pratos:
- caixa clara e muito raramente outro instrumento.
Seguem-se as principais observações que podem ser feitas
sobre essa instrumentação:
1) embora colocados na seção das madeiras, nos arranjos, os
saxofones nem sempre trabalham juntamente com as madeiras, como, aliás, foi já
exposto logo acima;
2) os trombones de canto dão suporte à melodia dos dobrados,
apoiando os clarinetes e outros instrumentos, da mesma forma que, antes da
popularização do saxofone alto, eram feitas também partes para trompas de canto,
afinadas em Mi bemol;
3) nas partituras antigas, a percussão é denominada
“pancadaria”, mas a maioria delas é escrita, apenas, para bombo (marcação) e, nos
fortes, bombo e pratos (tutti);
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4) Uma última, mas que reputo importante observação, diz
respeito ao costume generalizado de arranjadores e maestros escreverem as partes dos
instrumentos mais graves, ou seja, dos trombones, bombardinos e baixos, com a
armadura na Clave de Sol. É de extrema necessidade, urgência e racionalidade que
esses arranjadores e, principalmente, que os maestros e os mestres de banda,
abandonem de vez essa prática tão nociva aos músicos e que passem,
sistematicamente, a utilizar a Clave de Fá, transcrevendo assim os sons reais,
facilitando o intercâmbio de arranjos e partituras, e, sobretudo, o trânsito dos jovens
para estudos mais avançados dos seus instrumentos ou para integrarem como
profissionais, os conjuntos sinfônicos nacionais ou estrangeiros.
6. Harmonia
A harmonia dos dobrados, em geral, é bastante singela, sendo
esporádico o uso de acordes dissonantes. As seqüências harmônicas e as cadências
são tão comuns, que se pode falar na existência de padrões de harmonização. Por
exemplo, pelas anotações deixadas pelo Luiz de Almeida Rosa, que foi um dos
fundadores da Banda Linense e maestro da Banda de Guaiçara, SP, é possível
verificar que harmonizava as suas composições e os seus arranjos, utilizando um
método que consistia no emprego das tríades sobres os graus da escala do tom da
melodia, em que, os graus I e III eram harmonizados pelo acorde da tônica; os graus
V e VII, pelo acorde da dominante (raramente com a sétima); os graus IV e VI, pelo
acorde da subdominante; e o grau II, pelo acorde da dominante ou pelos acordes
maior e menor da sobretônica.
Um relatório da análise harmônica do desenvolvimento de um
tema, correspondente a uma parte da exposição ou do trio, em tom maior, pode ser
apresentado, resumidamente, da seguinte maneira:
Evidentemente, nem todos os dobrados têm uma
harmonia assim tão simples. Há, pelo contrário, dobrados com harmonia bastante
elaborada e complexa.
Sugiro, pois, aos interessados, que passem a cultivar o
exercício sistemático da análise, para, através dela, ampliar e sedimentar os seus
conhecimentos sobre a estrutura formal e as características harmônicas do dobrado,
assim como de qualquer outro gênero musical.
7. Contraponto
Uma das características fundamentais do dobrado, como
gênero musical, é a utilização intensiva do contraponto.
O contraponto, também chamado contracanto, é encontrado
em todas as partes do dobrado, da exposição ao trio. Através dele estabelece-se um
diálogo permanente entre os diversos instrumentos, os timbres e as seções da banda.
Arranjos de extraordinária inventividade, além de riqueza musical, representam
grande desafio técnico para os músicos, que lutam com entusiasmo e os superam com
grande satisfação. O contraponto, em que o bombardino é quase sempre o
instrumento mais exigido, proporciona um deleite especial para os músicos, mas é,
sobretudo, destinado aos ouvintes.
Pela alta qualidade do contraponto, o público das bandas tem
a oportunidade de desfrutar belas páginas da nossa música, que, sem dúvida, são as
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preenchidas pelos dobrados, no grande, rico e diversificado livro da música
instrumental brasileira.
Os Dobrados sinfônicos e os dobradinhos
Os dobrados sinfônicos, por desenvolverem sucessivamente
vários temas, geralmente se tornam maiores do que os dobrados comuns, não
obedecendo às rígidas regras da estrutura formal característica do gênero musical,
como vimos anteriormente.
Analisando as partituras de diversos acervos musicais, comecei
a encontrar um bom número de dobrados, bem distintos dos dobrados sinfônicos, mas
que apresentavam significativas diferenças, em relação aos padrões que já
descrevemos como característicos do gênero.
Selecionei, então, uma série desses dobrados que passei a
chamar de “dobradinhos” porque:
a. em geral, possuem estrutura formal mínima, ou seja,
obedecem ao esquema exposição-trio-reexposição: > A-B-C-A-B:
b. o fraseado é, muitas vezes, irregular, não se fixando no
desenvolvimento comum das frases de quatro ou oito compassos;
c. há uma modulação antecipada para o II ou para o IV grau
da tonalidade, levando a marcha harmônica à cadência, o que faz com que o
desenvolvimento do tema tenha resolução em dezesseis compassos, quando o usual é
que ocorra em trinta e dois.
Os dobradinhos possuem também características estéticas e,
portanto, subjetivas que os distinguem muito bem. São músicas lépidas, vivas e
alegres, com certa veia jocosa e debochada, bem ao gosto das pequenas bandas
interioranas e que alguns chamavam de: “Dobradinho para ser tocado na porta do
circo!”
Não havia na frase qualquer conotação pejorativa, pois
buscava-se encontrar formas de expressar verbalmente as características estéticas do
estilo musical dos dobradinhos. E, justamente por essas características, os
dobradinhos nos fazem lembrar os saudosos espetáculos circenses da nossa infância,
sempre precedidos de uma festiva apresentação da banda de música, que, postada à
frente do circo, iluminada pelo pisca-pisca de centenas de luminárias coloridas que
lhe emprestavam um ar surrealista, esmerava-se em seguidas execuções de maxixes,
galopes e dobradinhos, convocando, assim, o público para o espetáculo, cujas mais
incríveis maravilhas e extravagâncias eram anunciadas com insistência pelos altofalantes.
Infelizmente, hoje as bandas não tocam mais dobradinhos, nem
mesmo na porta dos circos. Algumas vezes, no entanto, eles aparecem em alguma
novela da televisão, executados por uma “charanga” ou “furiosa”, apelidos
populares das nossas pequenas bandas interioranas. Incidentalmente, caracterizam,
de modo bastante estereotipado, a vida provinciana e atrasada das pequenas cidadescenários,
levando, assim, aos telespectadores a falsa idéia de que as bandas de
música só têm sentido de existir num quadro social semelhante ao caricaturado pelo
folhetim eletrônico.
Talvez, para que se desfaça tal engodo e, também, por
inúmeras outros motivos, seja tão importante a preservação dos dobradinhos, dos
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dobrados e de todos os gêneros musicais que sempre foram cultivados pelas nossas
bandas de música, alguns deles, como sabemos, tipicamente brasileiros,
Bibliografia
Almeida, Aluísio. “Folclore da Banda de Música”. in Revista do Arquivo Municipal
de São Paulo, vol. CLXXVI, 1960.
Almeida, Renato. “História da Música Brasileira”. F. Briguiet & Cia. - Editores. 2.ª
edição. Rio de Janeiro, 1942.
Sousa, José Geraldo de. “Folcmúsica e Liturgia: Subsídios para o Estudo do
Problema”. Editora Vozes, Petrópolis, RJ, 1966.
Tinhorão, José Ramos. “História Social da Música Brasileira”. Editorial
Caminho, Lisboa, Portugal, 1990.
_______ . “Musica Popular de Índios, Negros e Mestiços”. Editora Vozes,
Petrópolis, 1972.
_______ . “Pequena História da Música Popular: da Modinha à Lambada”. Art
Editora, 6.ª edição, São Paulo, 1991.
_______ . “Música Popular: Os Sons que Vêm da Rua”. Edições Tinhorão, Rio de
Janeiro, 1976.
Vasconcelos, Ary. “Panorama da Música Popular Brasileira”. São Paulo, Editora
Martins, 1964, 2 volumes.
_______ . “Panorama da Música Popular Brasileira na Belle Époque”. Livraria
Santana, Rio de Janeiro, 1977.
Vicente Salles. “Sociedades de Euterpe; As Bandas de Música no Grão-Pará”.
Edição do autor, Brasília, 1985.

UM EXEMPLO

Sexteto Quimporó

O Sexteto Quimporó é mais um fruto gerado do Projeto Música de Câmara, realizado pela Escola de Música da Associação Musical de Cruzeta - AMUSIC.

Criado em maio de 2001 durante o II Seminário de música da cidade do Assú,é composto por 06 jovens talentosos e dedicados, todos integrantes da Filarmônica de Cruzeta. O grupo fez sua primeira apresentação oficial durante o II Seminário de música desta cidade no mês de agosto do mesmo ano.

O sexteto Quimporó se destaca no cenário regional e estadual pelas inúmeras apresentações que tem realizado dentro da programação da AMUSIC, e também fora do nosso estado, entre elas podemos citar: II Seminário de Música de ASSÚ-RN, II Seminário de Música de Cruzeta-RN, I Seminário de Música de Natal-RN, Aula inaugural do núcleo de Educação musical de Uiraúna- PB, Master Class e apresentação promovida pela AJAC da cidade de São Tomé-RN, apresentação durante o evento de aniversário da banda de música de São Pedro-RN, vários recitais de conclusão de Bacharelado e Técnico do curso de música dos alunos da UFRN, apresentações no palco (Onofre Lopes) na escola de música da UFRN, e participações em diversos eventos promovidos pelo governo do estado.

Hoje o trabalho do sexteto vem ganhando mais consistência com o aperfeiçoamento profissional dos componentes, pois todos são alunos do técnico e do bacharelado na UFRN. O grupo tem como finalidade mostrar música de boa qualidade, aperfeiçoar as técnicas tanto dos músicos quanto do grupo, fazer apresentações sociais, divulgar a música Brasileira e em especial a música nordestina.

Sexteto Quimporó

Sexteto Quimporó
O GRUPO REVELAÇÃO DE CRUZETA ( ONDE SE APRESENTA DEIXA SUA MARCA MUSICAL) CONTATO PARA SHOW( 3473-2419/3473-2282 / 3473-2381) PROCURA MIZAEL OU FERNANDO

O QUE É CHORO?

O Choro, popularmente chamado de chorinho, é um gênero musical da música popular brasileira que conta com mais de 130 anos de existência. Os conjuntos que o executam são chamados de Regionais e os músicos, compositores ou instrumentistas, são chamados de Chorões. Apesar do nome, o gênero tem, em geral, um ritmo agitado e alegre, caracterizado pelo virtuosismo e improviso dos participantes. O Choro representa a formação instrumental mais tipicamente brasileira e o agrupamento musical mais antigo dentro da música popular brasileira.

O Regional de Choro é tradicionalmente formado por um ou mais instrumentos de solo (flauta, bandolim, clarinete ou saxofone) e pelo cavaquinho, violões e pandeiro no acompanhamento. O cavaquinho executa o "centro" da harmonia, um ou mais violões de 6 cordas (juntamente com o violão de 7 cordas) executam a harmonia e as variações/modulações, o violão de 7 cordas atua como baixo e o pandeiro faz a marcação de ritmo. O cavaquinho, apesar de possuir limitações com relação à sua extensão, também é usado como instrumento de solo.

O Choro, em sua essência, é um gênero musical puramente instrumental. Nos poucos Choros que possuem letra, pode-se dizer que grande parte foi escrita anos após o Choro ter sido composto ou mesmo anos após a morte do compositor.

Poderíamos dizer que o Choro, historicamente, começa a nascer na cidade do Rio de Janeiro no início do século XIX, com a chegada ao Brasil da família real portuguesa, que fugia da invasão de Napoleão e trazia consigo quinze mil europeus. Como conseqüência direta, a cidade do Rio de Janeiro passa por transformações urbanas e culturais sem precedentes. Músicos, novos instrumentos musicais e novos ritmos europeus chegam ao Rio de Janeiro e são imediatamente aceitos pela sociedade. Em pouco tempo, a cidade do Rio de Janeiro passa a ser conhecida, conforme dito pelo poeta Araújo Porto Alegre, como "a cidade dos pianos".

O Choro é o resultado da exposição do músico brasileiro aos estilos musicais europeus, essencialmente à polca (primeiramente apresentada no Rio de Janeiro em 1845), num ambiente musical já fortemente influenciado pelos ritmos africanos, principalmente o Lundu, já presente na cultura brasileira desde o final do século XVIII. Tal como o Ragtime nos Estados Unidos, o Choro surge em decorrência das influências dos estilos musicais e ritmos vindos de dois continentes: Europa e África.

A primeira referência ao termo "Choro" aparece na década de 1870, quando o flautista Joaquim Antônio da Silva Callado, considerado pioneiro nesse processo de fusão dos estilos e ritmos musicais europeus/africanos, cria um conjunto chamado "Choro Carioca". O Maestro e Professor Baptista Siqueira, biógrafo de Joaquim Callado, esclarece que "com o Choro Carioca, ou simplesmente "Choro de Callado", ficou constituído o mais original agrupamento musical reduzido do Brasil. Constava ele, desde sua origem, de um instrumento solista (a flauta), dois violões e um cavaquinho, no qual somente um dos compositores sabia ler a música escrita: todos os demais deviam ser improvisadores do acompanhamento harmônico".

De onde vem a palavra “Choro”?

Há controvérsias, entre os pesquisadores, sobre a origem da palavra "Choro".

O verbete pode ter derivado da maneira chorosa de se tocar as músicas estrangeiras ao final do século XIX, e os que assim a apreciavam passaram a denominá-la música de fazer chorar. Daí o termo Choro. O próprio Conjunto de Choro passou a ser denominado como tal, como por exemplo, o "Choro de Callado".

O termo pode também ter derivado de "xolo", um tipo de baile que reunia os escravos das fazendas, expressão que, por confusão com o parônimo português, passou a ser conhecida como "xoro" e, finalmente, na cidade, deve ter começado a ser grafada com "ch".

Outros defendem que a origem do termo deve-se à sensação de melancolia transmitida pelas modulações improvisadas de contracanto do violão (também chamadas de "baixarias").